O que é o câncer

O número crescente de casos diagnosticados nas últimas décadas, como resultado do aumento na expectativa de vida, fazem do câncer o grande vilão do início deste século.

Nosso corpo é composto por aproximadamente 10 trilhões de células que se organizam em camadas para formar todos os nossos órgãos, e a transformação maligna pode ocorrer em qualquer uma delas. O câncer abrange mais de 200 doenças bastante distintas quanto ao órgão de origem, ao comportamento biológico e a respostas ao tratamento. No entanto, elas têm muitas coisas em comum: resultam de uma proliferação anormal e descontrolada de células, o que significa que uma parte de nosso corpo cresceu em detrimento do restante, desrespeitando os mecanismos de controle existentes.

As causas do câncer são muito conhecidas e seu surgimento se dá devido a alterações na programação de células de algum órgão de nosso corpo. Esse programa está codificado no DNA da célula, cuja modificação recebe o nome de mutação, que podem ocorrer por várias razões. As causas mais frequentemente identificadas são externas às células, como exposição a substâncias químicas, radiações e infecções virais.

 

Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 200 doenças

Por causa dessas mutações, as células podem alterar muito seu comportamento, passando a se duplicar de forma desordenada, deixando de amadurecer ou recusando-se a morrer. A duplicação organizada e a maturação são necessárias para que ocorra a reparação e a renovação dos tecidos do corpo.

Normalmente, o próprio organismo corrige as mutações ou elimina as células alteradas, porém, quando isso não acontece, essas células seguem reproduzindo-se de maneira desajustada e contínua, sustentando a mutação.

O câncer, contudo, não acontece de uma hora para outra. São necessárias várias mutações para dar origem a uma célula neoplásica ou maligna – um processo que costuma levar vários anos para se completar.

Contando com certa vantagem competitiva, as células malignas acabam por tomar o lugar das células saudáveis no órgão que lhe deu origem, formando um aglomerado, ou, mais precisamente, o tumor. Passando então a estimular a formação de novos vasos sanguíneos, fundamentais para que obtenham os nutrientes necessários para manter sua multiplicação.

 

“Nos Estados Unidos, uma a cada três mulheres e um a cada dois homens desenvolvem câncer durante a vida. Estima-se que 15% de todas as mortes no mundo sejam atribuídas ao câncer.”

 

“Siddhartha Mukherjee — autor de O Imperador de Todos os Males — Uma Biografia do Câncer.”

Além de se duplicar de forma rápida e contínua, essas células também podem adquirir a capacidade de se disseminar pelo organismo, atingindo áreas distantes do órgão de origem, onde também passam a se multiplicar. Caracterizando assim, um processo chamado de metástase.

As formas de metástase:

Existem três formas de metástase. Na hematológica, as células cancerosas entram na circulação sanguínea e percorrem o organismo até encontrar uma parte do tecido com a qual tenham afinidade. Ali se instalam e começam o processo de multiplicação novamente.

 

Na linfática, por sua vez, as células invadem os vasos linfáticos e se instalam nos gânglios, um órgãos de defesa do organismo. A partir de então, recomeçam o processo e se espalham por outras partes do organismo.

 

Na metástase por contiguidade, as células malignas atravessam a camada que recobre o órgão para penetrar em órgãos vizinhos.

Dois grandes grupos:

Os cânceres são divididos em dois grupos: neoplasias hematológicas e tumores sólidos.

As neoplasias hematológicas são as doenças com origem nas células do sangue, como a leucemia, o linfoma e o mieloma múltiplo, por exemplo. Por isso, mesmo em sua fase inicial, é comum se manifestarem em várias partes do organismo, em especial na medula óssea, nos gânglios linfáticos, no baço e no fígado.

Já os tumores sólidos, que correspondem a cerca de 90% dos casos diagnosticados de câncer, têm origem em determinado órgão, no interior do qual se desenvolvem, e depois migram para os gânglios e outras partes do corpo. Fazem parte desse grupo o câncer de mama, pulmão, próstata e intestino, entre outros.

 

Uma longa história

Segundo o livro O Imperador de Todos os Males — Uma Biografia do Câncer, o primeiro registro médico sobre o câncer da história é de um papiro egípcio do século VII A.C. Antes do século XIX, as referências à doença são, no entanto, raras, já que as pessoas morriam de tuberculose, cólera, varíola, peste ou pneumonia, enfermidades para as quais existe tratamento atualmente.

Veja mais dicas de saúde

× Como posso te ajudar?